Em 2005, Matt Blum, um fotógrafo norte-americano, deu início ao “The Nu Project”. Ou o “Projeto Pelado”. Que consiste em rodar o mundo em busca da mulher mundana. Com a ideia de que, ao desnudá-la, se despirá o seu apreciador dos seus conceitos, ao atiçá-lo com o fetiche que está contido no Décimo Mandamento: “Não cobiçar a mulher do próximo”.
Tudo porque as suaves imperfeições do corpo de uma mulher se traduzem nos códigos que a tornam acessível à malícia de qualquer marmanjo malvado. Que, por elas, faria a cuja se submeter aos caprichos da sua voluptuosidade sexual. Assim, relegando à condição de “macho furtivo” o cidadão que um dia ousou desposá-la.
Todavia, a edição de Nº 467 da Playboy de abril de 2014, logo na capa, expõe a estrela do mês, Gabriela Fontenelle (discriminada sob a alcunha de Gaby Potência), com uma câmera Aires Automat nas mãos. Segurando-a diante da vulva. Com isso, suscitando uma analogia entre ambas, ao simplificá-las em um instrumento que saca o fotografado da realidade e o congela no tempo. Sem se empolgar, talvez, com a menor imperfeição que o dito possa ter.
Ademais, tal qual sua antecessora, Mari Silvestre, Gaby Potência é um derivado da TV aberta brasileira. Pois, enquanto a outra brilhou dentro do elenco do “Caldeirão do Huck”, ela se destacou como uma das atrações sensuais do programa “O Melhor do Brasil”, da Rede Record.
Contudo, dentro da cultura contemporânea, e de um quarto no Sheraton São Paulo WTC Hotel, o ensaio fotográfico conduzido por Ricardo Corrêa se mantém em um universo de muita pele e nenhum pelo. Perpetuando a ausência do item que separa as mulheres das meninas. O que, para Gaby, não resulta em prejuízo. Posto que seus atributos físicos não são encontrados em menina alguma ou em “84,7%” das mulheres.
A começar pelo rosto: uma efígie nervosa que molesta quem quer que a encare.
Mais a cabeleira preta que, em contraponto ao pescoço, faz o vampiro afiar os dentes.
Quando, por entre os seios, se passa pelo palco de uma “espanhola” que, nas idas e vindas, ampliaria as expectativas dela e de seu pretenso amásio.
Sendo que, quanto a ele, o motivaria a se esfregar pelo marombado abdome dela. Enquanto que Gaby se umedeceria a ponto de lhe marinar o membro no caldo do coito.
Com quanto que no verso há uma bunda que, a ser acentuada pela estreita cintura, se faz afrodisíaca.
O que remete a uma indagação: “Como é que nenhuma fábrica de papel higiênico nunca contratou uma “boa de bunda” para ser sua garota-propaganda?”
Afina, qual é a mulher que “ganha o pão pela bunda” que não se higienizaria com um produto qualificado?
Por fim, pelas coxas gostosas se chega à única parte do bronzeado corpo de Gaby que não é revelado: os pés. Aos quais, de joelhos, todo homem estaria apto a cair de boca na risca que a cuja carrega em meio às pernas.
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