quarta-feira, 3 de março de 2010

PARIS HILTON

Em 1954, Alfred Hitchcock atiçou a libido coletiva com “A Janela Indiscreta”. Um filme em que explorou a prática do voyeurismo. Posto que colocou Jeff – personagem interpretado por James Stewart – em uma situação propícia ao desenvolvimento de tal comportamento. Primeiro, porque, devido a uma perna quebrada, ele estava com as suas estripulias restritas aos limites de uma cadeira de rodas. Agora, em segundo, Jeff exercia o ofício de repórter fotográfico. Logo, estava habituado a enxergar as peculiaridades do mundo. E, para não perdê-las, tinha uma câmera com lentes telescópicas ao seu dispor. Sendo que, em terceiro, do seu apartamento, tinha vista para um edifício em que os moradores pouco apego possuíam por cortinas. Portanto, não lhe restando outro fim, que não fosse o de curtir a expectativa de ver alguma vizinha realizar-lhe as fantasias.
Todavia, todos os componentes que garantiram o sucesso dessa película foram adaptados ao comercial da Devassa. Que, aparentemente, parecia reproduzi-los com fidelidade. Ao, inicialmente, apresentar um fotógrafo que se aproveita do seu instrumento de trabalho para invadir a privacidade alheia.
Entretanto, não se trata de um olhar sobre vários focos. E sim, de vários olhares sobre um foco. Sobre Paris Hilton. Paris Hilton que, libertinamente, se expõe aos olhares dos vizinhos, dos transeuntes e de todo aquele que tem ou não tem o que fazer.
Já que, ao se utilizar de uma linguagem subjetiva, o “reclame” explora outro tipo de fetiche. Que é o desejo, principalmente por parte do contingente masculino, de presenciar um acasalamento lésbico.
Pois, no recanto do seu lar, a protagonista alegremente interage com a lata em que a bebida envasada está; dançando, se esfregando e se esquentando, com o fim de se deliciar com a cuja.
Sugerindo a ideia de que uma devassa curte a outra.




Empório Laura Aguiar - Rua Gabriel Piza, 559, Santana
São Paulo/SP
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